Wilson Witzel: ‘Se mantivermos o ritmo, vamos chegar a julho sem dinheiro’


O governador do Rio, Wilson Witzel, alertou nesta terça-feira que, caso medidas de controle de gastos não sejam adotadas, o governo estadual poderá ficar sem dinheiro no mês de julho, de acordo com a rádio CBN.

— Estamos realmente com muita dificuldade. Nós, se mantivermos o ritmo, sem fazer nenhuma medida de contingência, renegociação, nós vamos chegar a julho sem dinheiro. Tendo um déficit de mais de R$ 8 bilhões, restos a pagar de mais de R$ 11 bilhões — afirmou o governador, durante a posse do novo procurador-geral do Estado do Rio, Marcelo Lopes.

Para reverter o quadro, Witzel defendeu ações contra os sonegadores:

—  Precisamos agir, precisamos cobrar do sonegador, precisamos nos empenhar.

A repercussão entre os representantes dos servidores

Antônio Virgínio Fernandes, um dos coordenadores gerais do Sintuperj, sindicato que representa as universidades estaduais do Rio, diz estranhar a fala do governador.

— Eu não sei como está o preço do barril do petróleo agora, mas teve uma época em que subiu. Então, aumentou a arrecadação do estado com royalties, fora as arrecadações com o aumento da contribuição previdenciária dos servidores, que eles passaram (de 11%) para 14%. As vendas de Natal também foram maiores do que as do ano passado. Então, teve arrecadaçao maior. Tivemos turistas e hotéis lotados. Aí, ele vem com um cenário de desgraças — afirmou Fernandes.

O coordenador do Sintuperj também teme que se repita o que foi visto em 2015:


— Será que vamos voltar ao cenário de 2015, com atraso de três a quatro meses nos salários? Com gente sem dinheiro para comprar alimentos, o que dirá remédios? Esperamos que governador tenha equilíbrio para resolver a situação das contas.

O presidente do Sindicato dos auditores fiscais do estado do Rio (SINFRERJ), Pedro Gonçalves Filho, esperava uma dificuldade de equilibrar despesas e receitas do estado.

—A gente sabe que a situação do Rio de Janeiro é complicada e vai demandar muito trabalho. Mas o Regime de Recuperação Fiscal deveria estar permitindo uma folga.

Para Clara Maria Fonseca Silva, diretora do Sindsprev/rj, sindicato da saúde, trabalho e previdência social, o servidor mais uma vez terá que pagar a conta da má gestão do estado.

—Se o novo governador já começa o governo prevendo que talvez não haja recursos para pagar os salários é muito triste. A área de saúde tem sido uma das mais afetadas com a crise. Desde 2015, já perdemos mais de 30% dos servidores da área da saúde. O atraso de pagamento fez com que muitos desistissem do cargo, outros tiveram problemas de saúde ou mesmo morreram.


Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Fernando Bandeira, não é só o salário que preocupa, mas sim as condições de trabalho. Segundo ele, as viaturas estão em péssimas condições e os funcionários de limpeza, que eram terceirizados, deixaram de ir no ano passado por causa da falta de repasse. Desde então, os próprios policiais têm se divido entre as tarefas de varrer e lavar o banheiro.

— A lei determina um efetivo de 23 mil homens, sendo que trabalhamos hoje com apenas 9mil. Não existe mais investigação na Polícia Cívil, só quando se trata do assassinato de uma autoridade ou pessoa importante — denunciou.

Bandeira ainda ressaltou a importância do trabalho de psicólogas nas delegacias. No entanto, o serviço não é oferecido mais desde de março de 2018:

— Aparece muita gente na delegacia que não é caso para a polícia, mas sim para psicóloga. Elas faziam a triagem e facilitavam o trabalho.

A diretora da Associação dos servidores do Proderj (ASCPDERJ), Lucimar Montechiari, achou incoerente a declaração do atual governador, já que Dornelles deixou o cargo afirmando ter dinheiro em caixa:

— Eu acho que os servidores vão sofrer com a falta de salário e sempre sobra para o aposentado!

Outro problema, para Lucimar, é receber o salário no 10º dia útil. Neste mês, por exemplo, os servidores só vão ter o dinheiro em conta no dia 15.

— Trabalhamos o mês inteiro para receber só na metade do outro? Não dá! Temos contas para pagar — reclamou.

Para Mesac Eflain, presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, o retorno do pagamento no segundo dia últil foi uma promessa de campanha do governador e há esperança de que seja cumprida. Mas o governo precisa implementar as medidas necessárias.


— Desde 2016, nós servidores, organizados de forma ordeira e pacífica, apresentamos propostas factíveis que foram recusadas por Pezão: Mutirão da Cobrança da Dívida Ativa, Combate Implacável a Sonegação, Suspensão das Isenções Fiscais Sob suspeitas, Corte nos Cargos Comissionados, auditoria nos possíveis contratos fraudulentos, dentre outras medidas. Somadas a arrecadação que vem subindo e o preço do Barril do Petróleo também, sobraria dinheiro até para investimentos.

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